facebook-domain-verification=rfmqu3eh3vy8f2mpk9sc8742h2qial
top of page

O código da raiva na família

  • Foto do escritor: Psicóloga Patrícia Machado
    Psicóloga Patrícia Machado
  • 28 de mai. de 2016
  • 4 min de leitura

Sabemos que muitas famílias estão em dificuldades em casa com filhos pequenos e filhos adolescentes. As reclamações dos pais são infindáveis: eles não me obedecem, me respondem, me xingam, eu bato, deixo de castigo, tiro o que eles gostam, mas não adianta. Não sei mais o que fazer. E as reclamações dos filhos também seguem a mesma linha: meus pais são uns chatos, só enchem o saco, não me deixam fazer nada, vivem me dizendo você pode, você não vai, vai pro seu quarto, etc.


E neste ambiente hostil, cheio de sentimentos negativos, É a raiva que se sobressai e que está implícita nessas falas. Pois por trás delas, há sentimentos encobertos e escondidos que não podem ser expressos ou ditos abertamente.


A raiva é uma emoção básica do ser humano, assim como a alegria, a tristeza, o medo. Por ser algo que traz sentimentos negativos, nossa sociedade e nós mesmos pregamos que ela é má, e que não deve existir. Alem de termos a raiva como algo que não deve existir, também transmitimos às nossas crianças e adolescentes que ela é inaceitável.


E como a raiva é uma emoção básica do ser humano, percebemos que as crianças e adolescentes se sentem muito culpadas e desvalorizadas quando ela aparece. Por outro lado, nós adultos percebemos a raiva nos outros, nos amigos, nos vizinhos, no esposo, na esposa, mas não admitimos que nós também sentimos raiva de muitas coisas. E se você não admite que sente raiva, como vai entender a raiva do outro? Se você não conhecer seus desejos e sentimentos, como vai entender os desejos e sentimentos dos outros? Seja ele seu filho, seu esposo, esposa, amigo?


No decorrer de nossas vidas, os sentimentos negativos podem ter diferentes significados de acordo com a fase em que estamos. Na infância, a raiva aparece quando as necessidades físicas e emocionais não são satisfeitas. Por exemplo, o estômago vazio, a fralda molhada, a necessidade de carinho, faz com que a criança chore pedindo ajuda. Quanto mais rápido esse pedido de ajuda for atendido, menos raiva e frustração a criança terá, e conseqüentemente, terá menos ataques de raiva e choro.


Na idade pré-escolar, a raiva aparece porque a criança tem necessidade de poder e independência. Ela quer controlar a casa, mas os pais não deixam. Quer controlar a brincadeira e os brinquedos, mas o convívio social com outras crianças não a permite, ela quer sair correndo pelo corredor do shopping, mas ela não pode. A vida nesta idade tem muitas frustrações necessárias para o bom convívio social da criança.


Na adolescência, a raiva surge por muitos motivos: a necessidade de maior independência dos pais, a procura de amigos da mesma idade, a vontade de sair sem dar explicações ou não ter hora para chegar em casa, a privacidade, as opiniões diferentes dos pais, o modo por vezes radical e sonhador de ver o mundo. Quando os pais se perdem nesta montanha russa de emoções e frustrações ao tentar lidar com os adolescentes, as diferenças aparecem e a raiva toma lugar na convivência.


Na idade adulta, a raiva vem com as frustrações da vida diária, como o chefe chato, os colegas de trabalho que dão trabalho, os filhos desobedientes, a esposa, o esposo, o dinheiro, a doença, o lazer que não descansa. Muitos são os motivos.


Por mais que as frustrações sejam ruins e nos tragam dor, elas são necessárias. Na dose certa e na ocasião adequada, aumenta a tolerância ã frustração e dá mais condições para uma maior assertividade e aprendizado com nossos erros quando crescer. Na dose errada, a frustração em excesso nos faz ficar mais sensível e intolerante, pouco realista com a vida e dificuldades diárias, bastando por vezes um esbarrão para criar uma cena.


Se pararmos para pensar, a raiva é apenas um código. Um código para esconder outro sentimento. Como assim? O que a raiva esconde? Vou dar alguns exemplos tirados e adaptados do livro: A AUTO-ESTIMA DO SEU FILHO para podermos visualizar e entendermos melhor.

CASO 1: o senhor Ernesto apressa-se para limpar a garagem antes que seus familiares cheguem. Tão logo ele joga alguma coisa fora, ele percebe que seu filho de seis anos traz tudo de volta. Indignado com o trabalho dobrado, ele explode: Chega, menino! Já estou cheio de você, saia daqui! Qual foi o código da raiva? A indignação do pai por refazer o serviço na pressa.

CASO 2: durante um coquetel, Ana percebe que seu marido está dando atenção especial para a garçonete atrás do balcão. Quando ele volta para junto da esposa, ela fala ironicamente: o que houve garanhão? Cansou de babar no balcão? Vai, fica com ela! Qual foi o código da raiva? O medo da perda e o ciúme.

Outros códigos e sinais indiretos de raiva também aparecem todos os dias e nem sequer percebemos. Quando a raiva não pode ser expressa abertamente, formas substitutivas aparecem. São a implicância constante, os mexericos e fofocas, o sarcasmo, as brigas sem motivos, o responder atravessado, a desobediência, os maus hábitos diários que não mudam.

Esses casos nos mostram que a raiva cobre uma emoção ou sentimento anterior e que a raiva raramente vem em primeiro lugar. Sabendo disso, fica mais fácil enfrentar os acessos de raiva em si mesmo e nos outros e a raiva fica menos ameaçadora, colocamos menos lenha na fogueira. O que fazer então?

Então, quando você se deparar com uma cena de raiva, pense em 4 passos/atitudes para tentar solucionar a situação:

1- veja a raiva encobrindo e disfarçando algo. Tente descobrir o que é e não responda à raiva com raiva.

2- crie um ambiente favorável para falar sobre o verdadeiro motivo encoberto

3- fale sem rodeiros e culpa sobre sentimentos e incentive o outro a falar

4- cheguem a um consenso, uma solução que seja bom para ambas as partes.

Quando a raiva é canalizada desta forma clara e harmoniosa, você contribui para o amor e respeito próprio e dos outros. Essas atitudes fazem a gente se sentir valorizado e ouvido com respeito. E é claro, os laços são fortificados e pais e filhos, parentes e amigos e colegas de trabalho passam a ser mais unidos e confiantes.

Para saber mais, fale com a psicóloga. Para saber como podemos ajudar você e seu filho, veja como funciona nosso Programa de Orientação de Pais.

Por Psicóloga Patrícia Machado (CRP 01/9368).

MBA em Clínica Interdisciplinar da Infância e Adolescência e Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.


Comments


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

Patrícia Machado é graduada em Psicologia em 2002 pelo UniCeub. 

Tem 22 anos de experiência clínica tendo atendido  mais de 1.000 pacientes nesse período.

Foi também professora de Língua Inglesa por 14 anos. 

Palestrante motivacional e de promoção de saúde mental

Idealizadora e criadora da Pote Terapia Jogos Terapêuticos

Especializações: 

Possui MBA em Clínica Interdisciplinar dos Transtornos Psicopatológicos da Infância e Adolescência pela Universidade Católica de Brasília, 

É especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto WP e

É também especialista em Língua Inglesa pela Universidade Católica de Brasília.

 

Cursos e atualizações: 

Argilina pelo Curso Argila Espelho da Auto Expressão .

Cursos de Orientação Vocacional  

Manejo de Perdas e Lutos,

Psicodiagnóstico  

Mindfulness - Atenção Plena 

Pedagogia Sistêmica

bottom of page