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As crianças diante das telas na pandemia


Com escolas fechadas, mídias viraram protagonistas nas rotinas familiares, o que significou não só mais tempo de tela, mas também maior centralidade das experiências virtuais.


O tempo diante das telas é um dos aspectos que mais preocupam os adultos quando o assunto é a relação entre as crianças e as mídias. De acordo com um estudo divulgado pela SuperAwesome, empresa americana de tecnologia em mídia digital, crianças entre 6 e 12 anos passaram cerca de 50% do seu tempo de quarentena em frente a telas, ou seja, metade do dia. Os pesquisadores afirmam que o tempo gasto com celulares, tablets, computadores e a boa e velha TV, aumentou de duas a três vezes em relação ao consumo habitual.


Apesar de alarmante, o dado confirma uma tendência esperada. Além das aulas, que passaram a ser online, outras atividades que aconteciam em espaços de aprendizagem também foram forçadas a se limitar ao virtual, como jogos e conversas.


A mudança de ritmo de vida e a falta das atividades de antes da pandemia geraram uma série de necessidades. As crianças precisaram de companhia, consolo e união familiar para manter o equilíbrio emocional. Os pais foram atrás das possibilidades que pudessem preencher esse espaço e tornar o seu dia a dia menos pesado. E aí entram com tudo os conteúdos audiovisuais, principalmente em momentos em que os pais estão ocupados com suas atividades de trabalho ou da casa.


São três as razões principais pelas quais as crianças recorrem às mídias durante o confinamento: lidar com o tédio, falar com amigos e fazer pesquisas escolares. Sete em cada dez crianças usaram os meios de comunicação para entender o que estava acontecendo no mundo.


Os meios também desempenharam um papel na regulação das emoções. Metade dos meninos e meninas disseram recorrer a eles quando estavam tristes e 60% deles quando estavam sozinhos ou assustados. Enquanto a metade dos participantes contou que os noticiários os deixavam angustiados, mais de 65% declararam que gostariam que a TV infantil falasse mais sobre o coronavírus, segundo pesquisa "Crianças, Mídia e COVID-19”, realizada pelo Instituto Central Internacional de Televisão para a Juventude e a Educação, da Bavarian Broadcasting Cooperation e a Fundação Prix Jeunesse, realizado com mais de 4 mil crianças, de 9 a 13 anos de idade, em 42 países.


A Sociedade Brasileira de Pediatria atualizou suas recomendações, reconhecendo a importância das telas neste momento e aumentando o tempo de exposição recomendado anteriormente, mas pedindo que pais e cuidadores se esforcem para preservar a rotina das crianças, mantendo horários de sono, refeições e o relacionamento afetivo que vá além dos eletrônicos.


Para os menores de dois anos, o guia defende que as telas devem servir para o contato com familiares – e mais nada além disso. Para crianças com idades entre dois e cinco anos, a orientação é limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão. Entre seis e dez anos, o máximo é de duas horas.


Seguir essas recomendações evitam que as crianças fiquem viciadas em tecnologia. Muitas crianças se tornam dependentes dos celulares e tablets, passando mais de 6 horas por dia conectadas. Esse comportamento leva as crianças a não se exercitarem , comerem em excesso, alterarem as condições de sono e vigília e consequentemente, trazem prejuízos ao rendimento escolar. Nesses casos a criança e a família vão precisar de ajuda profissional para minimizar os efeitos negativos do vício em tecnologia.


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Patricia Machado - psicóloga CRP 01/9368







Fonte: https://porvir.org/as-criancas-e-as-telas-na-pandemia/

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