Aumento de casos de vícios com a Covid-19
O mundo inteiro está em aleta máximo contra o avanço assustador vírus da Covid-19 e a recomendação é ficar em casa. Porém para muitas pessoas, ficar em casa isolado é uma prisão que precisa de muito alívio para poder suportá-lo.
Os alívios podem ser os mais variados possíveis. A depender de cada pessoa e do sistema em que ela foi criada e vive até hoje. Como seres humanos temos um mecanismo de defesa contra o que nos faz ter sofrimento ou desprazer: evitamos o que nos faz sofrer para sempre buscarmos o que nos faz ter prazer.
A busca pelo prazer e pelo alívio do estresse pode vir de várias fontes e áreas. Há pessoas que gostam de ler livros, outras de tomar uma cervejinha, outras pessoas gostam de organizar a casa; há pessoas que preferem colecionar objetos, jovens amam se relacionar nas redes sociais e jogar jogos online com amigos e desconhecidos; tem gente que gosta de ver filmes ou maratonar seriados, fumar um cigarro para relaxar, praticar exercícios físicos, aumentar a intimidade com o sexo, dentre outras coisas que nos relaxam e nos tiram o foco do desprazer diário da vida moderna.
No entanto, quem imaginaria que estaríamos passando por uma pandemia e que o mundo estaria parado de quarentena? Essa mudança abrupta na vida de milhões de pessoas podem trasnformar o que chamamos de alívios ou hobbies em verdadeiros vícios diante do isolamento social.
O aumento de casos de vícios com a COVID-19 pode vir exatamente do isolamento social, que priva as pessoas do mundo lá fora e as deixa com o pouco de prazer que lhes resta dentro de casa. Ficar em casa fica parecendo literalmente uma prisão angustiante, uma vida sem saída, sem previsão de retorno à vida normal. Essa sensação de estar preso numa prisão geram sintomas de ansiedade e depressão.
Mesmo para quem não tem diagnóstico fica difícil escapar de algum desconforto vindo do isolamento. E hoje mais do que nunca os hobbies e comportamentos de promover algum alívio mental podem sim se transformar em vícios se não forem bem cuidados ou acompanhados bem de perto, tanto durante quanto após o isolamento social.
Então seguindo essa lógica, uma cervejinha pode se transformar em abuso de álcool; um cigarrinho pode levar a um vício enorme; a limpeza e a organização podem vir a ser tornar sintomas de Transtorno Obsessivo Compulsivo; ter uma coleção de objetos de cunho afetivo pode se tornar um transtorno de acumulação; aqueles jogos super legais podem se transformar em vício em tecnologia; o prazer pelos exercícios se tornarem vigorexia e a busca pelo sexo vir a ser um caso de ninfomania.
Mas então o que fazer para evitar que algo que nos traz alívio se transformar em vício, logo agora diante dessa pandemia?
A primeira coisa a ser feita é estabelecer uma rotina diária, onde os afazeres vem primeiro e o lazer vem em segundo plano. O lazer nesses casos deve ser variado, ou seja, escolha a cada dia uma coisa diferente para fazer. Um dia assista a um filme, outro dia jogue vídeo game, no outro acompanhe as redes sociais e se exercite. Todo o comportamento humano com equilíbrio é tido como normal e apreciado pelos seus benefícios.
De Patrícia Machado
Para Libertá Psicologia
Comments